segunda-feira, 19 de maio de 2014

MUDANÇA NA LITURGIA.

"Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade".







Um texto muito conhecido, e mal compreendido pelos cristãos em geral é esse texto, que relata o diálogo entre Jesus e a mulher samaritana a beira do poço.
Porque eu digo mal compreendido?
Bem, na minha analise, vivemos um momento único na história da igreja que se diz evangélica no Brasil, somos segundo as estatísticas quase 42 milhões de fiéis, um crescimento exponencial que é inclusive alvo de estudos, por exemplo, centenas de monografias e teses de mestrado tem se ocupado desse fenômeno religioso no nosso país de cerca de duas décadas para cá, mostra como esse fenômeno religioso tem influenciado nossa sociedade, culturalmente, sociologicamente, economicamente e espiritualmente.
E´momento de comemorarmos?
Bem, depende de que posição está se olhando esse fenômeno, eu como estudante do fenômeno religioso, tenho que observar de ''fora'' do objeto de estudo em questão, como teólogo talvez tentaria oferecer uma dezena de versículos, tentar comparar com a história da igreja de uns 200 anos para cá, pois bem, tentarei de forma sociológica e teológica analisar esse momento que atravessamos, e para tal , escolhi um tema, talvez pouco observado, pouco explorado, mas que tem influenciado e em muito gerações de crentes/evangélicos, que é a liturgia. (1 Ordem das cerimônias e preces de que se compõe o serviço divino, como se encontra determinado no ritual eclesiástico. 2 As fórmulas consagradas das orações. 3 Rito. 4 Ciência que trata das cerimônias e ritos da Igreja.)

O pensamento religioso contemporâneo, tem se ocupado ou é profundamente influenciado por grupos musicais e suas dinâmicas musicais/letras/melodias, a cada 5 anos muda-se a ''visão'', a ''unção'', e novas ''ondas'' vem e vão e um elemento de forte divulgação desse pensamento é através da música.
Hoje diversos grupos influenciaram e influenciam boa parte da teologia cristã de massas, ou seja o pensamento ou teologia do senso comum, se não vejamos:
Ao se apresentarem esses grupos tem suas frases de efeito, que produzem no consciente e inconsciente  coletivo uma idéia de que essa é uma ''GERAÇÃO DE ADORADORES'', e de que ''VOCÊ VEM AO CULTO PARA ADORAR" e por ai vai......mas não precisamos ir muito longe para percebermos o equívoco produzido e disseminado nas igrejas.

VEJAMOS: 

No antigo testamento, existia uma dia para o culto (sábado), existia um local (templo), existia um sacrifício (animal) e um intermediário (sacerdote); é sabido que esses ritos/liturgias faziam parte da antiga aliança, e que prefiguravam ou apontavam para o Sacrifício maior e perfeito que é o sacrifício de Jesus Cristo, e Ele desde então já demonstrava para o ser humano uma mudança nesses ritos e na liturgia. Há uma mudança de paradigma, uma mudança radical no culto prestado a Deus. 
Antes o culto era prestado um dia por semana (sábado), hoje na nova aliança é todo dia, e não somente no ''templo'' mas em tudo o que fazemos (Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.)

Tudo o que fazemos é para Deus, nossa vida é o culto diário, nós não vamos para o ''templo'' para adorarmos a Deus, nós adoramos a Deus com a nossa vida. Na antiga aliança partíamos do nosso pecado para o culto ou seja da necessidade de aplacarmos a ira de Deus, pois não adorávamos a Deus, pois não conseguíamos obedecer a sua lei, e por isso o sacrifício era constante, e essa era a preocupação do homem ( Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Hebreus 10:1), já na nova aliança partimos do sacríficio  para o culto, pois o sacrifício foi feito de uma vez por todas (Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus,

Hebreus 10:12), e portanto se por um acaso nosso culto for interrompido pelo nosso pecado, recorremos ao sacrifício vivo (Cristo) e retornamos imediatamente para o nosso culto diário.
Pode ocorrer de que você deduzirá o ler o diálogo dessa mulher com Jesus em que Ele diz: (  Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.João 4:21)
que estamos incorrendo num erro, de nos reunirmos dentro de um prédio/templo para 'adorarmos a Deus', mas digo que não, temos que corrigir um pensamento/paradigma, nós não vamos ao ''templo/prédio'' para adorarmos a Deus e nem que lá é a ''casa de Deus'', ''pois Deus não habita em casas feitas pela mãos de homens'', nos reunimos para CELEBRARMOS o culto que fazemos durante toda a semana com tudo o que somos e fazemos, com isso você não diminui o valor do culto, muito pelo contrário, você dá significado a tudo o que se faz, e o culto/celebração realizado no ''templo/prédio'' é uma ou deveria ser uma EXTENSÃO do culto prestado 24 horas por dia.....agora se eu e você não estamos prestando culto a Deus todos os dias, então tem alguma coisa muita errada acontecendo conosco.

MAS NÃO ME VENHA COM ESSA DE QUE: ''EU SOU UM ADORADOR POR EXCELÊNCIA''....''SOU ADORADOR EXTRAVAGANTE''.....POIS NÃO É MESMO.....

VOCÊ NÃO VAI NA IGREJA PARA ADORAR OU PRESTAR CULTO, CULTO É TUDO AQUILO QUE FAZEMOS.....IGREJA SOMOS NÓS.....O SACRIFÍCIO JA FOI FEITO....OU ADORAMOS EM TODO O TEMPO COM TUDO O QUE SOMOS, OU AS 2 HORAS QUE PASSAMOS SENTADOS NUM ''TEMPLO/PRÉDIO'' UM DIA POR SEMANA É APENAS UM DIA DE RITUAL RELIGIOSO EVANGÉLICO, E QUE NADA DIFERE DE QUALQUER RITUAL PAGÃO.
O AMBIENTE RELIGIOSO ENGANA......

VALDIR MANENTE GUIMARÃES.

















sábado, 10 de maio de 2014

SAUDADES DE UMA ÉPOCA EM QUE A ASSEMBLÉIA ERA DE DEUS.





SAUDADES DE UMA ÉPOCA EM QUE A ASSEMBLÉIA ERA DE DEUS.

Pode soar forte, agressivo, com um tom de saudosismo, mas não,  é uma realidade que nos apresenta de forma triste, ao presenciarmos a morte de uma instituição religiosa que já foi referencial nessa cidade.
Hoje em pleno século XXI, acompanhamos o secularismo, a chamada pós modernidade e suas dinâmicas filosóficas, o ceticismo, as doutrinas falsas, os modismos e toda a descrença na igreja como instituição religiosa seja ela evangélica protestante ou não avançando e evidenciando uma nova perspectiva, um novo jeito de ser igreja sendo apresentado ao mundo, afetando sua realidade, sua liturgia, sua pregação e sobretudo sua práxis teológica.
Nesses quase 30 anos de caminhada cristã, inseridos dentro dessa realidade acompanhamos o desenvolvimento e o  crescimento numérico dessa, de quase 1000 membros para mais de 18.000, números esses sendo floreados e cantados aos quatro ventos com orgulho, soberba e glorificação institucional, como se Deus só operasse nesse ministério.
Mas isso não é o motivo principal dessa pequena matéria, mas sim o seu completo abandono aos propósitos do reino de Deus, o amor as almas hoje foi transformado em apenas e tão somente uma relação de custo benefício, ou seja o quanto esse membro contribui financeiramente para supostamente viabilizar o reino; a não ser que contribuir com o reino seja a construção de prédios *(como o 2ª e 3ª imagem acima), onde milhões de reais foram gastos e outros tantos mais o serão, sendo necessário campanhas extras, carnês, pois o dízimo (sustentáculo do sistema religioso) e ofertas não está sendo o suficiente para o término do mesmo, é claro, com o alto salário e custos abusivos do alto escalão, onde a ganância por dinheiro é a tônica nunca serão suficientes.
Mas uma das coisa que mais me entristece é a total falta de compromisso com a pregação do evangelho da cruz, onde ''pregadores/pastores/itinerantes'' berram, vociferam, um evangelho vazio, sem significado, sem cruz, sem Cristo, e apresentam aos ouvintes um "evangelho de poder" *(entenda-se poder quem berra e pula no culto), não se prega o evangelho que Jesus pregou, que fala a alma do ser humano, que o transforma de dentro para fora, ''prega-se'' um outro evangelho baseado em visões, fábulas, sectarismo, proselitismo. e o apóstolo Paulo já deixou claro que: ''Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema.
Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.

Gálatas 1:8-9

Realizamos congressos/movimentos de massas, convidamos ''pastores/deputados/popstar" para manipular as massas dando a pseudo impressão de que vivemos uma época de avivamento, mas não não vivemos essa época, vivemos uma época de esfriamento, de sequidão, de pobreza de conteúdo, de institucionalização dos propósitos do reino, onde a capitação de recursos financeiros é a tônica, onde várias congregações do campo estão aderindo cada dia mais a ''soluções'' e ''campanhas neopentecostais'', é a 'macedização e a santiagonização'' da Assembléia. 

Deus nos ajude...isso para quem fica.....pois pra mim não dá mais.....

saudades...... 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

O QUE OS EVANGÉLICOS NÃO FALAM













O movimento evangélico brasileiro cresceu numericamente, com estatísticas espantosas. Até o Vaticano se incomodou com a transferência de católicos nominais para as igrejas evangélicas, que pipocam por todos os lados. Sociólogos passaram a estudar os fenômenos que favorecem essa multiplicação. Haja estudos! Os evangélicos representam um segmento religioso relativamente novo na sociedade brasileira — com mais evidência, depois da década de 1950. O vertiginoso avanço evangélico também pegou de surpresa os teólogos. Parece que não se esperavam os sincretismos que geraram características bem próprias dos crentes brasileiros.
O movimento evangélico passa por várias mudanças. No passado, os cantores evangélicos gravavam seus poucos discos de vinil, com produções artesanais. Para vender, precisavam sair cantando de igreja em igreja. Hoje, cantores “gospel” gravam em estúdios com tecnologia de ponta, acompanhados por músicos profissionais, e desfrutam de uma eficiente estrutura de marketing.
Assim, vendem milhões de cópias, faturam alto e possuem status de artistas profissionais. As gravadoras promovem festivais para reconhecer os melhores, e premiam-se com “discos de ouro” quem alcança mais sucesso.
As editoras também se profissionalizaram. Há pouco tempo, o mercado de livros era bem restrito. Com poucos títulos publicados a cada ano, só denominações e missões dispostas a investir sem possibilidade de retorno se atreviam nesse segmento. Hoje, multinacionais do livro cobiçam o mercado brasileiro. A cada mês nascem pequenas editoras e muita gente almeja lançar revistas e jornais, num filão consumidor ainda crescente.
Mas os evangélicos se admiram com outras transformações. As escolas dominicais já não têm a relevância de outrora; há descaso pela doutrina. As igrejas enfatizam eventos para atrair mais gente e, assim, os prédios são planejados e construídos para agradar os fiéis como clientes. Uma boa igreja hoje precisa de um bom estacionamento e um excelente berçário para as crianças pequenas. Contudo, as maiores mudanças aconteceram na teologia.
Aos poucos, as igrejas se esqueceram de algumas pilastras da Reforma Protestante do século 16. O evangelho da graça foi sendo substituído por uma religiosidade de méritos. Abandonou-se o tema que diferenciava os crentes nacionais. Pregadores protestantes repetiram, por décadas, que nada mais é necessário ser feito para se alcançar a salvação e que todas as bênçãos vindas de Deus são imerecidas, que tudo foi conquistado por Cristo no Calvário.
Os evangélicos começaram a se tornar notórios pelas “campanhas” de oração que pretendem ensinar o jeito certo de se obter alguma bênção. Com essa mudança, corria-se o risco de fugir da tradição protestante. Para manter o movimento numa mínima ortodoxia protestante, optou-se por priorizar o Antigo Testamento e seu sistema de culto para legitimar a constante promessa de bênçãos.
Usaram-se passagens especificamente destinadas a um tempo da história de Israel, avivaram-se os sacrifícios dos antigos concertos e nada mais foi de graça para os crentes. Quem quiser qualquer favor divino tem de pagar — geralmente em dinheiro. Igrejas restabeleceram a mentalidade católica medieval com abundância de amuletos. E surgiram versões nacionais das relíquias: rosas, corredores, mantos, portas, chaves, espadas e copos d’água. Essa montanha de talismãs serviriam de “ponto de contato” para aumentar a fé do povo.
Os novos crentes brasileiros já não são tão proibitivos quanto a roupas e uso de jóias. Abrandou-se o legalismo de usos e costumes.
Entretanto, permanece um obscurantismo teológico tremendo. O dogmatismo impera. Sem espaço para reflexão, muitos se contentam em repetir teologias estrangeiras, copiam modelos americanos de crescimento de igreja e abusam de anglicismos.
Por que empregar, por exemplo, kid em vez de criança, praise em vez de louvor e show em vez de culto?
Os líderes das grandes igrejas e denominações concordariam sobre os perigos de se verem famosos. Além da vaidade de se acharem superungidos, vêem as bajulações dos medíocres que querem pegar carona nos sucessos repentinos. Espertalhões rondam os grandes templos com oportunidades imperdíveis de impactar o mundo. Candidatos se oferecem para representar os interesses do rebanho perante o poder público. Pior, existem muitos que enxergam o púlpito como palco. Sedentos dos seus quinze minutos de fama, prometem “abençoar” o povo como autênticos levitas bíblicos.
O quadro mudou radicalmente nas igrejas. Agora, mais do que nunca, mestres, pastores e evangelistas precisam de trégua; precisam de tempo para rever caminhos e repensar com doçura e bom senso o rumo que escolherão. Por mais que se celebre o crescimento da igreja no Brasil, não se pode esquecer os enormes desafios e tentações que vieram a reboque.
Para que a igreja caminhe com esperança, é preciso repensar alguns paradigmas. E essa tarefa é difícil, eu sei. Para não nos acomodarmos aos processos de entropia, precisamos ousar sair de nossas zonas de conforto. Precisamos de coragem para caminhar nas fronteiras. E quem caminha em zonas de pensamento limítrofes corre o risco de colocar o pé do lado de fora. Quem ousa olhar por cima de cercas, talvez se encante com o que vê no quintal do vizinho e queira se mudar para lá. Viajei muito nos últimos anos, convivi com “pecadores e publicanos”, li autores não bem aceitos pelos cânones evangélicos, senti-me inclinado a caminhar para as periferias menos visitadas e agucei minhas críticas ao evangelicalismo. Perdi alguns encantos acríticos. Ousei questionar certos pressupostos doutrinários, sistemas de poder e, principalmente, algumas certezas que vinham do senso comum [...]
[...] As pessoas que me precederam talvez não tenham conseguido dirigir o rumo da história como gostariam. Meu juízo do que é mais conveniente não serve como referencial pleno. Muitos pioneiros trabalharam em circunstâncias adversas, com poucos recursos e em contextos hostis. Em muitos casos, contingências os surpreenderam, e eles se viram levados para realidades que não desejavam.
A crítica que muitas vezes faço ao movimento evangélico não pode conter rancores. Constato que manter-se sem azedumes na alma é muito difícil. Não quero me indispor com ninguém, até porque não posso julgar a sinceridade alheia. Sinceridade é uma qualidade que não deve existir sem a companhia de outras virtudes.
Pessoas extremamente sinceras podem praticar atos perversos e ser contaminadas por vícios terríveis. Mas quem é totalmente íntegro e quem conseguiria aliar verdade à sua sinceridade?
Portanto, estamos todos caminhando com nossas ambigüidades e incertezas, sabendo que Deus nos acompanha e nos ajuda a alcançarmos maior maturidade humana.
Tenho esperança e não posso deixar que ela morra. Caso persistam alguns modelos de igreja que ganharam força nos últimos anos entre os evangélicos, antevejo disfunções graves, entretanto, não sou niilista. Meus pessimismos não geram derrotismos imobilizadores de minha alma. A história mostra que vários movimentos se institucionalizaram, cresceram, alcançaram apogeu, entraram em declínio e morreram. Hoje, jazem em livros de história. Mas a Igreja (com I maiúsculo) sempre se reinventou e renasceu com outras características, visão, pressupostos teológicos e firmeza ética. O cristianismo é uma das instituições humanas com mais longevidade e pertinência. Jesus prometeu que ele mesmo edificaria sua igreja e que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela. Então, quando antecipo derrocadas, não me refiro ao mistério de Deus revelado na Igreja, mas ao segmento da cristandade chamado de evangélicos.
Hoje essa igreja vive seus momentos de exuberância, mas demonstra claramente que logo entrará em franco declínio. Porém não há motivo de pânico; uma nova Igreja surgirá. Outros discípulos nos seguirão, e haverá uma nova espiritualidade. Vivo e trabalho para que seja melhor, pois Deus sempre preserva um remanescente.
Algumas pessoas me criticam, afirmando que aponto defeitos, mas não ofereço soluções. Concedo que essa análise esteja correta.
Sou filho desta geração e também tenho grande dificuldade de pensar objetivamente. Minhas viseiras teológicas — e ideológicas — não me deixam enxergar bem. Tenho um foco restrito e, por mais que me esforce, muitas vezes não consigo sair de minhas bitolas. Mas minha incapacidade de apontar novos rumos não me angustia. Talvez esse papel pertença aos meus descendentes, àqueles que me substituirão. Espero que minhas inquietações os provoquem a sonhar com um novo cenário. 

Trecho do livro ( O que os Evangélicos não falam )
Autor: Pr. Ricardo Gondim

fonte- BLOG DOS BEREIANOS.