sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A verdadeira marca que carregamos


A verdadeira marca que carregamos

Por Adeildo N. Filho 
Ontem mesmo estava pensando qual será a minha próxima vitória, qual o próximo milagre que preciso para minha vida, qual a próxima benção para que o maravilhoso mar de rosas prometido por Jesus aos seus seguidores chegue a minha existência terrena.
O mundo está mudando a olhos vistos e nada mais justo que mudemos com ele. Nada mais sensato e atual que ajustar nossas velas e navegarmos no belo e esperançoso oceano da prosperidade, da riqueza, do novo Brasil e do novo mundo. Nunca foi tão fácil pregar. Não somos mais perseguidos ou chamados de conspiradores da ordem Romana. Agora somos cults e descolados. Vivemos vidas abastadas e cheias de testemunhos de casas novas e carros zero quilômetro.
Nossos encontros não são mais feitos em catacumbas ou escondidos da polícia ou do exército. Multidões se reúnem em locais públicos a espera do reconhecimento televisivo no jornal da noite ou no programa semanal de domingo. Nossos eventos, cercados de pompa e circunstância, atraem as autoridades e os formadores de opinião da nossa rica sociedade. Estar perto de nós significa reverência e respeito ao espiritual.
O “povinho” de ontem são os abençoados de hoje e aqueles que vão ganhar a nação no futuro. Como dizem alguns logo, logo elegeremos o próximo presidente e então seremos imbatíveis. Nem um estado laico poderá nos segurar. Converteremos todos e todos serão abençoados, receberão seus milagres e bênçãos e então seremos todos felizes e prósperos.
Ser crente nunca foi tão fácil. Se você conversar com sua mãe, pai, avô ou avó verá que as coisas mudaram. E não se trata de uma mudança pontual, são séculos de mudanças e transformações. Assim como a sociedade mudou os crentes também mudaram e vão seguir mudando.
Mas se a cada dia que passa está mais fácil ser crente o inverso se mostra verdadeiro quando falamos em ser Cristão. Se no passado os valores, a moral, os costumes e os hábitos cristãos eram muito bem aceitos pela sociedade o presente se mostra totalmente diferente.
O filho de Deus aos poucos vai se transformando no maior pensador, executivo, educador, líder, psicólogo, alma iluminada, espírito de luz, guia, guru, etc. Manipulam suas verdades e ensinamentos mais simples e básicos em arcabouços supostamente teológicos para que as boas novas sejam boas e novas para todos os públicos. Para que atendam a todos os gostos, opiniões, grupos, raças, tribos, ambições e desejos.
Para que carregar uma cruz se posso pagar para que alguém faça isso por mim. Para que dar a outra face se a segurança e conforto da minha vida me mantem longe dos baderneiros e briguentos. Para que dar emprestado sem esperar ter o montante de volta se os bancos e financeiras fazem isso sem que ninguém precise sair de casa. Para que comunhão com outras pessoas se posso assistir ao culto no conforto de minha poltrona pela internet ou pela TV. Para que ser pobre se posso ser o mais rico e próspero de todos os homens. Mais fácil e justo é pensar e orar a respeito da minha próxima benção.
Se bem aventurado é o sinônimo bíblico para felicidade concluo que vivo num mundo cheio de crentes infelizes. O progresso e o consumismo diminuirão o número de pobres, quebrantados, mansos, famintos, misericordiosos, limpos de coração, pacificadores e perseguidos. O futuro não será um local bom para verdadeiros cristãos. Seremos infelizes sob a ótica social e imorais segundo os padrões e valores da pós-modernidade. Talvez seja essa a marca tão aguardada pelo reino do anticristo, talvez seja essa a marca que nos tornará diferentes.
No futuro a história do Deus que deixou o esplendor de sua glória, seu reino de majestade e poder, suas legiões de anjos adoradores e sua natureza atemporal para se fazer menino, pobre, passar fome, sede, frio, ser traído, preso, torturado e assassinado não será uma história digna de ser contada as crianças porque será a antítese do sucesso e da prosperidade. Afinal de contas quem em sã consciência optaria por uma história dessas? A humanidade caminha em outra direção.
No futuro não será necessário nenhuma tatuagem, código de barras ou chip para identificar um de nós. O sangue da vítima que planejou seu próprio assassinato brilhará nos pobres, quebrantados, mansos, famintos, misericordiosos, limpos de coração, pacificadores e – se Deus quiser – “perseguidos”.


via- blog ministério batista beréia