quinta-feira, 30 de junho de 2011

O DECLÍNIO DA PREGAÇÃO CONTEMPORÂNEA.


O Declínio da Pregação Contemporânea

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John MacArthur 3John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master’s College and Seminary e do ministério “Grace to You”; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.

Você já percebeu como diversos comerciais de televisão não falam especificamente sobre os produtos que anunciam? Um anúncio de jeans apresenta um comovente drama a respeito da infelicidade dos adolescentes, mas não se refere ao jeans. Um comercial de perfumes mostra uma coletânea de imagens sensuais sem qualquer referência ao produto anunciado. As propagandas de cerveja são algumas das mais criativas da televisão, mas falam muito pouco sobre a própria cerveja.

Esses comerciais são produzidos com o objetivo de entreter, criar disposição e apelar às nossas emoções, mas não para transmitir informações. Com freqüência, eles são os mais eficientes, visto serem os que fazem melhor proveito da televisão. São produtos naturais de um veículo de comunicação que promove uma visão surrealista do mundo.

A televisão mescla sutilmente a vida real com a ilusão. A verdade é irrelevante. O que realmente importa é se estamos sendo entretidos. A essência não significa nada; o estilo de vida é o que mais interessa. Nas palavras de Marshall McLuhan, o instrumento é a mensagem.

Amusing Ouselves to Death (Divertindo-nos até à morte) é um livro perceptivo mas inquietante escrito por Neil Postman, professor da Universidade de Nova Iorque. Ele argumenta que a televisão nos tem mutilado a capacidade de pensar e reduzido nossa aptidão para a verdadeira comunicação.

Postman assegura que, ao invés de nos tornar a mais informada e erudita de todas as gerações da História, a televisão tem inundado nossas mentes com informações irrelevantes, sem significado. Ela nos tem condicionado apenas ao entretenimento, tornando obsoletas outras formas de interação humana.

Postman ressalta que até os noticiários são uma apresentação teatral. Jornalistas simpáticos relatam calmamente breves notícias sobre guerras, assassinatos, crimes e desastres naturais. Essas histórias catastróficas são intercaladas por comerciais que banalizam suas informações, isolando-as de seu contexto. Em seu livro, Postman registra um noticiário em que um almirante declarou que uma guerra nuclear mundial seria inevitável. No próximo segmento da programação, houve um comercial do Rei dos Hamburgers. Não se espera que nossa reação seja racional. Nas palavras de Postman, “os espectadores não reagirão com um senso da realidade, assim como a audiência no teatro não sairá correndo para casa, porque alguém no palco disse que um assassino estava solto na vizinhança”.

A televisão não pode exigir uma resposta sensata. As pessoas ligam-na para se divertir, não para serem desafiadas a pensar. Se um programa exige que pensemos ou demanda muito de nossas faculdades intelectuais, ninguém o assiste.

A televisão tem diminuído o alcance de nossa atenção. Por exemplo, alguma pessoa de nossa sociedade ficaria de pé, entre uma sufocante multidão, durante sete horas para ouvir os debates dos candidatos a presidente da República? Sinceramente, é muito difícil imaginar que nossos antepassados possuíam esse tipo de paciência. Temos permitido a televisão nos fazer pensar que sabemos mais agora, enquanto na verdade estamos perdendo nossa tolerância na área de pensar e aprender.

Sem dúvida, a mensagem mais vigorosa do livro de Postman está em um capítulo sobre religião. Esse homem não-crente escreve com profundo discernimento a respeito do declínio da pregação. Ele contrasta a pregação contemporânea com o ministério de homens como Jonathan Edwards, George Whitefield e outros. Estes homens contavam com um profundo conteúdo, lógica e conhecimento das Escrituras. Em contraste, a pregação de nossos dias é superficial, com ênfase no estilo e nas emoções. Na definição moderna, a “boa” pregação tem de ser, antes de tudo, breve e estimulante. Consiste em entretenimento, não em ensino, repreensão, correção ou educação na justiça (2 Tm 3.16).

O modelo da pregação moderna é o evangelista esperto que exagera as emoções, traz consigo um microfone, enquanto anda pomposamente ao redor do púlpito, levando os ouvintes a baterem palmas, movimentarem-se e fazerem aclamações em voz bem alta, ao tempo em que ele os incita a um frenesi. Não existe alimento espiritual na mensagem, mas quem se importa, visto que a resposta é entusiástica?

É lógico que a pregação em muitas das igrejas conservadoras não se realiza de maneira tão exagerada assim. Mas, infelizmente, até algumas das melhores pregações de nossos dias contêm mais entretenimento do que ensino. Muitas igrejas têm um sermão característico de meia hora, repleto de histórias engraçadas e pouco ensino.

Na verdade, muitos pregadores consideram o ensino de doutrinas como algo indesejável e sem utilidade prática. Uma grande revista evangélica recentemente publicou um artigo escrito por um famoso pregador carismático. Ele utilizou uma página inteira para falar sobre a futilidade tanto de pregar quanto de ouvir sermões que vão além de mero entretenimento. Qual foi a sua conclusão? As pessoas não recordam aquilo que você pregou; por isso, a maior parte da pregação é perda de tempo. “Procurarei fazer melhor no próximo ano”, ele escreveu, “isto significa desperdiçar menos tempo ouvindo sermões demorados e gastando mais tempo preparando sermões curtos. As pessoas, eu descobri, perdoarão uma teologia pobre, se o culto matinal terminar antes do meio-dia”.

Isto resume com perfeição a atitude que predomina na igreja moderna. Existe uma semelhança entre esse tipo de pregação e os comerciais de jeans, perfume e cerveja na televisão. Assim como os comerciais, a pregação moderna tem o objetivo de criar uma disposição íntima, evocar uma resposta emocional e entreter, mas não o de comunicar necessariamente algo da essência das Escrituras. Esse tipo de pregação é uma completa acomodação a uma sociedade educada pela televisão. Segue o que é agradável, porém revela pouca preocupação com a verdade. Não é o tipo de pregação ordenada nas Escrituras. Temos de pregar a Palavra (2 Tm 4.2); falar “o que convém à sã doutrina” (Tt 2.1); ensinar e recomendar “o ensino segundo a piedade” (1 Tm 6.3). É impossível fazer estas coisas se nosso alvo é entreter as pessoas.

O futuro da pregação expositiva é incerto. O que um pastor sincero tem de fazer para alcançar pessoas que se mostram indispostas e incapazes de ouvir com atenção e raciocínio exposições da verdade divina? Este é o grande desafio para os líderes da igreja contemporânea. Não devemos nos render à pressão para sermos superficiais. Temos de encontrar maneiras de fazer conhecida a Palavra de Deus a uma geração que não apenas recusa-se a ouvir, mas também não sabe como ouvir.

Fonte: [ Soberana Graça ]
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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Há muita coisa pra amarrar na vida em vez de dizer “tá amarrado” pra Satanás




Talvez uma das pronuncias mais ditas pelos "pregadores" ~e muitos crentes vão nessa "onda" , é esse : "TÁ AMARRADO"
com coisa que é só pronuncia-la e pronto, está resolvido, assim como outras : "eu determino, eu abençoo, eu profetizo e por ai vai, note-se que a profecia, a determinação, a benção vem sempre acompanhada da palavrinha:"eu", fruto de um evangelho antropocêntrico (pra você que não sabe o que é isso, o homem é o centro e a causa de todas as coisas). encontrei o texto abaixo no blog: ASSEM-BEREIADE DEUS. 
Procurei em varias passagens Bíblicas  essa expressão, e não a encontrei, em nenhum momento Jesus ou seus discipulos ensinando essa prática....nem entrevistando demonios....só encontrei Ele expulsando....e dando autoridade para sua Igreja fazer o mesmo... Leia a Bíblia e vê se você acha essa expressão ou ato sendo praticado, se você encontrar me avise.
Boa leitura.

Professor Valdir.



Em vez de amarrar Satanás, amarre os seus pés. São eles que o levam para o conselho dos ímpios, para o caminho dos pecadores
e para a roda dos escarnecedores (Sl 1.1). Retire o seu pé do mal, da casa da mulher adúltera, do caminho largo, do altar de ídolos, da multidão dos que não servem a Deus (Pv 4.26-27).

Em vez de amarrar Satanás, amarre os seus joelhos, para eles não se dobrarem diante do tentador (Lc 4.7), diante de Baal (1 Rs 19.18) e diante das riquezas (Mt 6.24).

Em vez de amarrar Satanás, amarre as suas mãos. Se elas o fazem tropeçar, corte-as. Pois “é melhor entrar na vida eterna sem mão ou sem pé do que ficar com eles e ser jogado no fogo eterno” (Mt 18.8, BLH). As mãos precisam ser santas (1 Tm 2.8) e precisam estar agarradas ao arado, “pois quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o reino de Deus” (Lc 9.62).

Em vez de amarrar Satanás, amarre o seu coração. Ele não pode amar outro cônjuge além do seu, e outro deus além de Deus. Ele não pode amar o mundo nem o que há no mundo (1 Jo 2.15).

Em vez de amarrar Satanás, amarre a sua língua. Ela é um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero. Ela contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de uma vida (Tg 3.1-12).

Em vez de amarrar Satanás, amarre os seus ouvidos. Eles não podem ouvir blasfêmias, irreverências e mentiras.

Em vez de amarrar Satanás, amarre os seus olhos. Se os seus olhos forem maus, o seu corpo todo ficará na escuridão. Olhos altivos, olhos de cobiça, olhos cheios de adultério, olhos que nunca olham para cima – precisam ser amarrados dia após dia.

Em vez de amarrar Satanás, amarre a sua mente. Ela precisa ficar cativa a Cristo. Você não tem o direito de pensar a seu gosto. Você só pode pensar naquilo que é verdadeiro, nobre, correto, puro, amável e de boa fama.

Em vez de amarrar Satanás, amarre seu gênio. Se você não suporta um revés, uma ofensa, uma crítica, uma dor – você é incapaz de viver neste mundo. Você não pode pedir fogo do céu para consumir os que não batem palmas para você.

Em vez de amarrar Satanás, amarre a sua vaidade pessoal. A soberba é um pecado latente que precisa ser dominado. É um pecado perigoso. A desgraça está um passo depois do orgulho e logo depois da vaidade vem a queda. O problema é grave demais.

Em vez de amarrar Satanás, amarre a sua incredulidade. Ela é um entrave enorme e uma ofensa contra Deus, pois sem fé é impossível agradá-Lo. Você não pode raciocinar corretamente se não incluir os recursos da fé na revelação e nas promessas de Deus.

Em vez de amarrar Satanás, amarre a sua preguiça. A preguiça faz cair em profundo sono e inventa mil desculpas para você não se mover. Cuidado com a preguiça mental que não o deixa ler e estudar a Palavra de Deus. Cuidado com a fé sem obras.

Em vez de amarrar Satanás, amarre a sua timidez. O exército de Deus não recruta soldados tímidos. Eles não estão aptos para a guerra e ainda contaminam os outros guerreiros. Ouça a pergunta de Jesus: “Por que você está com tanto medo, homem de pequena fé?”.

Em vez de amarrar Satanás, amarre o seu “eu”. Você não governa mais a sua vida. Você foi crucificado com Cristo. Assim, já não é você quem vive, mas Cristo vive em você. Convém que Jesus cresça e que você diminua.

Em vez de amarrar Satanás, amarre o pecado que habita em você. Deixe à míngua o apetite da pecaminosidade latente. Castigue o seu corpo e faça dele o seu escravo. Ofereça-o em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.


A-BD

sábado, 25 de junho de 2011

ESTAMOS EXPERIMENTANDO UM AVIVAMENTO NO BRASIL?

RECEBI ESSA MENSAGEM POR E-MAIL DO BLOG DOS BEREIANOS, UM DOS MELHORES BLOGS APOLOGÉTICOS QUE TEMOS NO NOSSO PAIS, E AINDA MAIS ESSA POSTAGEM ESCRITA PELO RENOMADO PR. AUGUSTOS NICODEMOS.

 

Link to Bereianos | Apologética Cristã Reformada


Posted: 25 Jun 2011 05:07 AM PDT
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Por Augustus Nicodemus Lopes

O termo “avivamento” tem sido usado para designar momentos específicos na história da Igreja em que Deus visitou seu povo de maneira especial, pelo Espírito, trazendo quebrantamento espiritual, arrependimento dos pecados, mudança de vidas, renovação da fé e dos compromissos com ele, de tal forma que as igrejas, assim renovadas, produzem um impacto distinto e perceptível no mundo ao seu redor. Entre os exemplos mais conhecidos está o grande avivamento acontecido na Inglaterra e Estados Unidos durante o século XVIII, associado aos nomes de George Whitefield, João Wesley e Jonathan Edwards. Há registros também de poderosos avivamentos ocorridos na Coréia, China, África do Sul. Há vários livros que trazem o histórico dos avivamentos espirituais mais conhecidos.

“Avivamento” é uma palavra muito gasta hoje. Ela está no meio evangélico há alguns séculos. As diferentes tradições empregam-na de várias formas distintas. O termo remonta ao período dos puritanos (séc. XVII), embora o fenômeno em si seja bem mais antigo, dependendo do significado com que empregarmos o termo. O período da Reforma protestante, por exemplo, pode ser considerado como um dos maiores avivamentos espirituais já ocorridos.

Há diversas obras clássicas que tratam do assunto. Elas usam a palavra “avivamento” no mesmo sentido que “reavivamento”, isto é, a revivificação da religião experimental na vida de cristãos individuais ou mesmo coletivamente, em igrejas, cidades e até países inteiros. Vários puritanos escreveram extensas obras sobre o assunto, como Robert Fleming [1630-1694], The Fulfilling of the Scripture, Jonathan Edwards [1703-1758] em várias obras e um dos mais extensos e famosos, John Gillies [1712-1796], Historical Collections Relating to Remarkable Periods of the Success of the Gospel [Coleção de Registros Históricos de Períodos Notáveis do Sucesso do Evangelho].

Mas, não foi por ai que eu comecei. O primeiro livro que li sobre avivamento foi Avivamento: a ciência de um milagre, da Editora Betânia. Eu era recém convertido e o livro me foi doado por um pastor que percebeu meu interesse pelo assunto. O livro tratava do ministério de Charles Finney, que ministrou nos Estados Unidos no século XIX, e registrava eventos extraordinários que acompanhavam as suas pregações, como conversões de cidades inteiras. Além das histórias, o livro trazia extratos de obras do próprio Finney onde ele falava sobre avivamento. Para Finney, um reavivamento espiritual era o resultado do emprego de leis espirituais, tanto quanto uma colheita é o resultado das leis naturais que regem o plantio. Não era, portanto, um milagre, algo sobrenatural. Se os crentes se arrependerem de seus pecados, orarem e jejuarem o suficiente, então Deus necessariamente derramará seu Espírito em poder, para converter os incrédulos e santificar os crentes. Para Finney, avivamento é resultado direto do esforço dos crentes em buscá-lo. Se não vem, é porque não estamos buscando o suficiente.

As idéias de Finney marcaram o início de minha vida cristã. Hoje, muitos anos e muitos outros livros depois, entendo o que não poderia ter entendido à época. Finney era semi-pelagiano e arminiano, e muito do que ele ensinou e praticou nas reuniões de avivamento que realizou era resultado direto da sua compreensão de que o homem não nascia pecador, que era perfeitamente capaz de aceitar por si mesmo a oferta do Evangelho, sem a ajuda do Espírito Santo. As idéias de Finney sobre avivamento, principalmente o conceito de que o homem é capaz de produzir avivamento espiritual, influenciaram tremendamente setores inteiros do evangelicalismo e do pentecostalismo. Hoje, tenho outra concepção acerca do assunto.

Eu uso o termo avivamento no sentido tradicional usado pelos puritanos. E portanto, creio que é seguro dizer que apesar de toda a agitação em torno do nome, o Brasil ainda não conheceu um verdadeiro avivamento espiritual. Depois de Finney, Billy Graham, do metodismo moderno e do pentecostalismo em geral, “avivamento” tem sido usado para designar cruzadas de evangelização, campanhas de santidade, reuniões onde se realizam curas e expulsões de demônios, ou pregações fervorosas. Mais recentemente, após o neopentecostalismo, avivamento é sinônimo de louvorzão, dançar no Espírito, ministração de louvor, show gospel, cair no Espírito, etc. etc. Nesse sentido, muitos acham que está havendo um grande avivamento no Brasil. Eu não consigo concordar. Continuo orando por um avivamento no Brasil. Acho que ainda precisamos de um, pelos seguintes motivos:

1. Apesar do crescimento numérico, os evangélicos não têm feito muita diferença na sociedade brasileira quanto à ética, usos e costumes, como uma força que influencia a cultura para o bem, para melhor. Historicamente, os avivamentos espirituais foram responsáveis diretos por transformações de cidades inteiras, mudanças de leis e transformação de culturas. Durante o grande avivamento em Northampton, dois séculos atrás, bares, prostíbulos e casernas foram fechados, por falta de clientes e pela conversão dos proprietários. A Inglaterra e a Escócia foram completamente transformadas por avivamentos há 400 anos.

2. Há muito show, muita música, muito louvor – mas pouco ensino bíblico. Nunca os evangélicos cantaram tanto e nunca foram tão analfabetos de Bíblia. Nunca houve tantos animadores de auditório e tão poucos pregadores da palavra de Deus. Quando o Espírito de Deus está agindo de fato, ele desperta o povo de Deus para a Palavra. Ele gera amor e interesse nos corações pela revelação inspirada e final de Deus. Durante os avivamentos históricos, as multidões se reuniam durante horas para ouvir a pregação da Palavra de Deus, para ler as Escrituras, à semelhança do avivamento acontecido na época de Esdras em Israel, quando o povo de Deus se quedou em pé por horas somente ouvindo a exposição da Palavra de Deus. Não vemos nada parecido hoje. A venda de CDs e DVDs com shows gospel cresce em proporção geométrica no Brasil e ultrapassa em muito a venda de Bíblias.

3. Há muitos suspiros, gemidos, sussurros, lágrimas, olhos fechados e mãos levantadas ao alto, mas pouco arrependimento, quebrantamento, convicção de pecado, mudança de vida e santidade. Faz alguns anos recebi um convite para pregar numa determinada comunidade sobre santidade. O convite dizia em linhas gerais que o povo de Deus no Brasil havia experimentado nas últimas décadas ondas sobre ondas de avivamento. “O vento do Senhor tem soprado renovação sobre nós”, dizia o convite, mencionando em seguida como uma das evidências o surgimento de uma nova onda de louvor e adoração, com bandas diferentes que “conseguem aquecer os nossos ambientes de culto”. O convite reconhecia, porém, que ainda havia muito que alcançar. Existia especialmente um assunto que não tinha recebido muita ênfase, dizia o convite, que era a santidade. E acrescentava: “Sentimos que precisamos batalhar por santidade. Por isto, estamos marcando uma conferência sobre Santidade...” Ou seja, pode haver avivamento sem santidade! Durante um verdadeiro avivamento, contudo, os corações são quebrantados, há profunda convicção de pecado da parte dos crentes, gemidos de angústia por haverem quebrado a lei de Deus, uma profunda consciência da corrupção interior do coração, que acaba por levar os crentes a reformar suas vidas, a se tornarem mais sérios em seus compromissos com Deus, a mudar realmente de vida.

4. Um avivamento promove a união dos verdadeiros crentes em torno dos pontos centrais do Evangelho. Historicamente, durante os avivamentos, diferenças foram esquecidas, brigas antigas foram postas de lado, mágoas passadas foram perdoadas. A consciência da presença de Deus era tão grande que os crentes se uniram para pregar a Palavra aos pecadores, distribuir Bíblias, socorrer os necessitados e enviar missionários. Em pleno apartheid na África do Sul, estive em Kwasizabantu, local onde irrompeu um grande avivamento espiritual em 1966, trazendo a conversão de milhares de zulus, tswanas e africaners. Foi ali que vi pela primeira vez na África do Sul as diferentes tribos negras de mãos dadas com os brancos, em culto e adoração ao Senhor que os havia resgatado.

5. Um avivamento dissipa o nevoeiro moral cinzento em que vivem os cristãos e que lhes impede de ver com clareza o certo e o errado, e a distinguir um do outro. Durante a operação intensa do Espírito de Deus, o pecado é visto em suas verdadeiras cores, suas conseqüências são seriamente avaliadas. A verdade também é reconhecida e abraçada. A diferença entre a Igreja e o mundo se torna visível. Fazem alguns anos experimentei um pouco disso, numa ocasião muito especial. Durante a pregação num domingo à noite de um sermão absolutamente comum em uma grande igreja em Recife fui surpreendido pelo súbito interesse intenso das pessoas presentes pelo assunto, que era a necessidade de colocarmos nossa vida em ordem diante de Deus. Ao final da mensagem, sem que houvesse apelo ou qualquer sugestão nesse sentido, dezenas de pessoas se levantaram e vieram à frente, confessando seus pecados, confissões tremendas entrecortadas por lágrimas e soluços. O culto prolongou-se por mais algumas horas. E era um culto numa igreja presbiteriana! O clima estava saturado pela consciência da presença de Deus e os crentes não podiam fazer outra coisa senão humilhar-se diante da santidade do Senhor.

6. Um avivamento espiritual traz coragem e ousadia para que os cristãos assumam sua postura de crentes e posição firme contra o erro, levantando-se contra a tibieza, frouxidão e covardia moral que marca a nossa época.

7. Um avivamento espiritual desperta os corações dos crentes e os enche de amor pelos perdidos. Muitos dos missionários que no século passado viajaram mundo afora pregando o Evangelho foram despertados em reuniões e pregações ocorridas em tempos de avivamento espiritual. Os avivamentos ocorridos nos Estados Unidos no século XIX produziram centenas e centenas de vocações missionárias e coincidem com o período das chamadas missões de fé. Em meados do século passado houve dezenas de avivamentos espirituais em colégios e universidades americanas. Faz alguns anos ouvi Dr. Russell Shedd dizer que foi chamado para ser missionário durante seu tempo de colégio, quando houve um reavivamento espiritual surpreendente entre os alunos, que durou alguns dias. Naquela época, uma centena de jovens dedicou a vida a Cristo, e entre eles o próprio Shedd.

Não ignoro o outro lado dos avivamentos. Quando Deus começa a agir, o diabo se alevanta com todas as suas forças. Avivamentos são sempre misturados. Há uma mescla de verdade e erro, de emoções genuínas e falsas, de conversões verdadeiras e de imitações, experiências reais com Deus e mero emocionalismo. Em alguns casos, houve rachas, divisões e brigas. Todavia, pesadas todas as coisas, creio que um avivamento ainda vale a pena.

Ao contrário de Finney, não creio que um avivamento possa ser produzido pelos crentes. Todavia, junto com Lloyd-Jones, Spurgeon, Nettleton, Whitefield e os puritanos, acredito que posso clamar a Deus por um, humilhar-me diante dele e pedir que ele comece em mim. Foi isso que fizeram os homens presbiterianos da Coréia em 1906, durante uma longa e grave crise espiritual na Igreja Coreana. Durante uma semana se reuniram para orar, confessar seus pecados, se reconciliarem uns com os outros e com Deus. Durante aquela semana Deus os atendeu e começou o grande avivamento coreano, provocando milhares e milhares de conversões genuínas meses a fio, e dando início ao crescimento espantoso dos evangélicos na Coréia.

Só lamento em tudo isso que os abusos para com o termo “avivamento” tem feito com que os reformados falem pouco desse tema. E pior, que orem pouco por ele.

Fonte: [ O Tempora, O Mores! ]

sexta-feira, 24 de junho de 2011

JUIZ QUE CONDENOU UNIÃO GAY "POR DEUS E PELA CONSTITUIÇÃO" SERA LEVADO Á CORTE.

MATÉRIA EXTRAIDA NA INTEGRA DO SITE: THE CHRISTIAN POST.


A PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS AUTÊNTICOS ESTÁ TOMANDO CONTORNOS E FORMAS DE PAÍSES COM REGIMES DITATORIAIS. A DECISÃO DESSE JUIZ DE INVALIDAR A UNIÃO CIVIL DE UM CASAL HOMOSSEXUAL, FOI BASEADO EM DOIS PRESSUPOSTOS  'MÁXIMOS': UM A BÍBLIA, A PALAVRA DE DEUS, E OUTRO A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, CARTA MAGMA BRASILEIRA, QUE ESTÁ ACIMA DO INTERESSE PARTICULAR DE GRUPOS, SEJA ELES RELIGIOSOS, ÉTNICOS, OU SOCIAIS, QUE FOI DESRESPEITADO PELO STF ALGUNS DIAS ATRAS.
AONDE TUDO ISSO VAI PARAR? 
ACREDITO QUE ESSE É UM CAMINHO SEM VOLTA, VAMOS PRESENCIAR ESSES "EMBATES" COM CERTA FREQUÊNCIA, NA MEDIDA QUE MAIS PESSOAS SE CONTRAPOREM A ESSA PRÁTICA.
NA ÉPOCA DAS "SANTAS INQUISIÇÕES" QUALQUER POSIÇÃO CONTRARIA AO SISTEMA DO CATOLICISMO ROMANO ERA TIDO COMO AFRONTA AS VERDADES DO PAPA E CONTRA O GOVERNO. HOJE TEMOS UMA NOVA MANEIRA DE PUNIR AQUELES QUE SE CONTRAPÕE AO "SISTEMA", RECEBEM A SUA DEVIDA PUNIÇÃO DO SISTEMA INQUISITÓRIO, NÃO UMA FOGUEIRA, MAS SIM UMA RETALIAÇÃO POR EXPRESSAR SEU POSICIONAMENTO, SEJA ELE DE ORDEM TEOLÓGICO OU JURÍDICO, SEJA ELE AMPARADO PELA CONSTITUIÇÃO SANTA DE DEUS AOS HOMENS,A BIBLIA, OU A CONSTITUIÇÃO FEDERAL REDIGIDA AOS BRASILEIROS SEM DISCRIMINAÇÃO DE CREDOS, RAÇAS, COR, OU ETNIAS.
POR VALDIR MANENTE.


SEGUE-SE ABAIXO O POST QUE ENCONTREI NO SITE REFERIDO ACIMA.


Juiz que Cancelou União Gay “Por Deus” É levado à Corte Especial

A desembargadora Beatriz Figueiredo Franco, corregedora do Tribunal de Justiça de Goiás, levará o juiz Jerônymo Pedro Villas Boas, de 45 anos à Corte Especial. Ela anulou um ofício do juiz que suspendia o primeiro contrato de união estável homoafetiva da capital de Goiás.
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(Foto: Guia me via The Christian Post)
O juiz Villas Boas, titular da 1 ª Vara da Fazenda Pública Municipal e de Registros de Goiânia, cancelou o registro de união estável de um casal de homens na semana passada em Goiânia (GO).
O juiz Villas Boas, titular da 1 ª Vara da Fazenda Pública Municipal e de Registros de Goiânia, foi o responsável por cancelar o registro de união estável de um casal de homens na semana passada em Goiânia (GO).
Ele disse nesta quarta-feira (22) na Câmara dos Deputados, em um ato das frentes parlamentares Evangélicas e da Família que agiu motivado “por Deus”. Ao argumentar que um juiz não pode ter medo ao proferir suas decisões, disse temer “a Deus, não aos homens”.
O magistrado, que é pastor da Igreja Assembleia de Deus e vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), alegou que “Não fui notificado”. “Não posso ser julgado à revelia”, disse Villas Boas, sobre a decisão de levá-lo ao Tribunal Especial.
O juiz ainda declarou que não discriminou ninguém ao decidir revogar a União Estável do casal homossexual. “Assim como tenho o direito de manifestar a minha fé, não discrimino pessoas e minhas decisões são todas à luz da lei”. Após declarar que sua decisão “se resume ao controle de legalidade do ato”, Villas Boas deixou claro seu descontentamento com a decisão do STF que reconheceu a união estável entre homossexuais: “Eu respeito à Constituição como ela foi escrita”.
Para a desembargadora, "a leitura (do ofício do juiz) demonstra vício de competência a contaminar a decisão". Ela explicou que à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) não caberia contestação e sim submissão. Quando assim não ocorre, cabe "apuração disciplinar", afirmou.
O deputado federal João Campos (PSDB-GO), líder da Frente Parlamentar Evangélica, divulgou uma moção pública em favor de Juiz e divulgou o apoio dos parlamentares evangélicos para com o magistrado.
A decisão da desembargadora foi divulgada nesta quinta-feira (23) pelo jornal Estado de São Paulo.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

UMA MENSAGEM AOS QUE ADULTERAM A PALAVRA DE DEUS !

Uma Mensagem aos que Adulteram a Palavra de Deus


ASSISTI A ESSE VÍDEO, NO BLOG DO PASTOR FLAVIO CONSTANTINO, E ELE RETRATA DE MANEIRA MUITO ATUAL O  CENÁRIO DOS PULPITOS BRASILEIROS...
POSTADO POR: PROFESSOR VALDIR MANENTE.

domingo, 19 de junho de 2011


Centenário das Assembléias de Deus no Brasil









 Por Renato Vargens

A Assembléia de Deus é uma das igrejas que eu mais respeito. Particularmente gosto de ver o espírito de consagração das irmãs de oração, de perceber a dedicação dos obreiros cristãos a causa do reino, além de contemplar a seriedade de milhões de irmãozinhos cujo caráter aponta para o fato de que verdadeiramente foram regenerados pelo Espírito Santo.

A história das Assembléias de Deus se iniciou no Brasil em 19 de novembro de 1910 com a chegada em Belém do Pará, dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg.

Em um século de serviço cristão a Assembléia de Deus multiplicou-se assustadoramente, tornando-se a maior denominação evangélica do Brasil. Do Oiapoque ao Chuí, milhares de congregações foram estabelecidas, levando milhões de brasileiros à experiência da salvação eterna. Estimativas recentes dão conta que hoje, no Brasil, os assembleianos somam 15 milhões de fiéis espalhados em mais de 100 mil locais de culto.

Sou grato a Deus pelo trabalho dos pastores que com dedicação serviram ao Senhor com compromisso e integridade, desbravando os rincões de pobreza neste país pregando o Evangelho de forma apaixonada. 

Parabéns a Assembléia de Deus pelo seu centenário! Rogo ao Senhor que abençoe de forma especial a milhões de irmãos que com temor e fervor tem servido a causa do evangelho.

Renato Vargens




sexta-feira, 17 de junho de 2011

O Cristianismo é anti-intelectual?

Um olhar para o lado não tão inteligente da fé.
Imagepor Andrew Byers, na Relevant Magazine
José e Maria perderam Jesus quando ele era um garoto. Levaram três dias para encontrá-lo, mas lá estava ele "no templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e interrogando-os" (Lucas 2:46). Jesus estava no templo, o centro da adoração.  Era também o centro do aprendizado. "E todos os que o ouviam estavam maravilhados com sua inteligência e respostas" (Lucas 2:47).
A Bíblia nos dá apenas um vislumbre da infância de Jesus, e aquela cena o retrata como um estudante ávido e um aluno aplicado, que participa ativamente na animada discussão teológica.
Então por que há tanta suspeita sobre os cristãos estudiosos de hoje que, como Jesus aos 12 anos, têm uma inclinação para ir a centros de aprendizagem e se envolverem numa discussão ativa? Por que existe atualmente uma espécie de anti-intelectualismo na Igreja?
Com certeza Jesus não era um intelectual elitista. Maravilhando-se com seus ensinamentos brilhantes, algumas pessoas perguntaram certa vez: "Como sabe este letras, sem ter estudado?” (João 7:15). Ele não tinha treinamento avançado ou formal (ao contrário de Saulo de Tarso). Quando Jesus desenrolou o pergaminho de Isaías naquele dia, foi com as mãos ásperas e calejadas de um trabalhador. Sua erudição era como a de um trabalhador braçal, um tipo de educação alheia à acadêmica, como o personagem de Matt Damon em Gênio Indomável (nada de bom pode vir de onde ele veio). E nós amamos as cenas em que Jesus confunde os estudiosos religiosos, assim como apreciamos quando o personagem Will Hunting entra em uma briga num bar da universidade.
Mas a falta de conhecimento acadêmico de Jesus não o torna anti-intelectual. Ele não tolerava um estudo malfeito: "não tendes lido...” (Mateus 12:3, 5; 19:04, 22:31;. et al.). Ele não aguentou a lentidão de entendimento: “Ainda não considerastes, nem compreendestes?” (Marcos 8:17).
Quando perguntado sobre o maior mandamento, Jesus respondeu citando uma passagem de Deuteronômio conhecida com Shema e que promovia um esforço teológico constante:  “O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças” (Marcos 12:29,30).
O maior mandamento, o pedido mais obrigatório em nossas vidas é amar a Deus com tudo, o que inclui nossa mente. A maioria de nós sabe qual é o maior dos mandamentos. Contudo, podemos estar menos familiarizados com seu contexto no Antigo Testamento. Amar a Deus com tudo em Deuteronômio 6:4-9 é a expectativa de que iremos nos dedicar ao estudo rigoroso e discussão das palavras de Deus. Amar a Deus com tudo...
“...E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos (treinamento teológico intensivo), e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te (discurso teológico contínuo)”.
Devotos judeus dos dias de Jesus recitavam o Shema duas vezes por dia. Era incutido em suas consciências que a vida da mente e o estudo das Escrituras eram centrais para a adoração. Então, novamente, por que tanto anti-intelectualismo atualmente na igreja quando as Escrituras nos convocam a continuar em uma herança intelectual tão rica?
Parte do problema é que, em nome de manter o primeiro mandamento, muitas vezes quebramos o segundo.
Jesus atrelou ao grande mandamento de amar a Deus com tudo o mandamento inseparável de amar nossos semelhantes como a nós mesmos (Marcos 12:31; cf Levítico 19:18). O anti-intelectualismo está enraizado na consciência nacional por uma série de fatores históricos, mas é alimentado na Igreja quando o amor de Deus é separado do amor ao próximo em nossos esforços intelectuais. Há uma grande quantidade de batalhas desafeiçoadas e doutrinárias acontecendo lá fora, em nome de valorizar Deus e Sua verdade.
Outra parte do problema está com aqueles que olham de soslaio para a aprendizagem  acadêmica. Alguns de nós assumimos que Jesus vai se perder se levarmos a sério o estudo. No entanto, quando Maria e José perderam Jesus, o acharam apaixonadamente engajado no debate teológico com professores.
É fácil esmagar o acadêmico quando ainda estamos traumatizados com aqueles ataques de fé pedagógicos de nosso professor cínico de Estudos Religiosos. Não vamos perder a realidade, no entanto, de que muitos daqueles professores entraram neste campo porque estavam cheios de entusiasmo por ideias escritas por teólogos mortos por um longo tempo. Eles foram tocados pela arte literária dos escritores do Evangelho e se apaixonaram pela honestidade crua dos salmistas... E foi a sala de aula, e não a sua educação da igreja, que os apresentou a estas maravilhas. Então, depois de anos de árduo trabalho intelectual, inúmeras noites sem dormir e a acumulação de dívida  educacional enorme, esses alunos esfarrapados mas ansiosos são freqüentemente saudados por uma igreja anti-intelectual, que diz: "Eu não tenho necessidade de vós” (1 Coríntios 12 : 21).
Não é à toa que existe tanto cinismo na escola. E 18 anos sentado em classes de Escolas Dominicais parecem fazer pouca diferença para a preparação de 10 minutos de discussão teológica em uma dessas classes de professores. Ao negligenciar em saturar nossas crianças de 12 anos com a Palavra de Deus, em não alimentar a discussão  teológica permanente sobre essas palavras, a Igreja pode ter tanta culpa quanto a escola pelo ciclo vicioso de tensão entre eles.
Quebrar esse ciclo entre os polos de anti-intelectualismo e elitismo intelectual exige uma geração que negue a tentação de exagerar em ambos os lados (como nos comentários, para começar!). Precisamos de uma geração que persistentemente se comprometa a manter os dois maiores mandamentos ligados. Ame ao próximo oprimido e marginalizado... mas sobre o fundamento do pensamento teológico robusto. Ame a Deus com toda a mente... mas vire as páginas dos livros com as mãos calejadas de servir o nosso próximo.
Andrew Byers lidera a Universidade Christian Fellowship e é o autor de "Fé sem ilusões: Seguir a Jesus como um Santo Cínico". (Likewise Books / IVP). Ele escreve no blog Hopeful Realism.

FONTE: CRISTIANISMO INTELIGENTE.

Fonte: Relevant Magazine, com tradução de Liliana Xavier


CRISTIANISMO CLICHÊ.









por Gerson Borges
Deus tem uma obra na sua vida. O inimigo está furioso. A vitória é nossa. Há poder em suas palavras. Quem não vem pelo amor vem pela dor. Vamos entrar na presença de Deus. Deus é pai, não é padrasto. Clichês. Frases (preguiçosamente) feitas (repetidas).
Longe de mim as pretensões enciclopédicas, mas devo lembrar - ou informar - que o termo de origem francesa no seu berço semântico nomeava um interessante objeto, uma matriz tipográfica que se repetia  indefinidamente. Funcionalidade. Praticidade. Repetição útil. O objeto-técnica aos poucos tornou-se metáfora de repetição burra, inconseqüente e desnecessária, que  não acrescenta nada, verdadeira inutilidade idiomática, completo vício lingüístico.
Aliás, é exatamente isso: vício. Mecanismo que domina o usuário. Uma droga, o clichê. Autores de fato inteligentes trazem consigo profunda ojeriza dos tais lugares-comuns. "Era uma vez..." como abertura e "... foram felizes para sempre" de fechadura  ficam bem em Andersen, mas duvido que Ruth Rocha faça dessa fórmula uma liturgia sine qua non para seus belíssimos contos infantis! Aquele famoso " obrigado, geeeeeeente!" do fim dos shows, seguido de "Por que parou, parou por quê?" são claramente elementos de um ritual simbólico dessa mágica interlocução artista/público. Clichê carece de intencionalidade, de voluntarismo e é inconsciente; não é uma palavra ou frase que usamos, mas que nos usa.
Pior que os clichês da literatura, da música (muito boa a saída de Marisa Monte ao subverter a norma culta e dizer "Beija eu, beija eu "em vez dos  cansativos "Eu te amo", que não passam de muletas), da política (" É preciso debater o tema com a sociedade" , "Pesquisa não ganha eleição" ), da educação (" conhecer a realidade do aluno" ), do cinema americano ("vamos pedir comida chinesa, amor?", tiras que, às vésperas da aposentadoria, tecem uma missão impossível ou que passam horas vigiando suspeito empanturrando-se de café e donuts) são os da religião. Em especial do cristianismo evangélico tupiniquim.
Semanalmente essa praga lingüística irrompe nos púlpitos e se alastra pelos bancos. "Somos cabeça e não cauda", "Somos filhos do Rei", coisas desse natureza distraída ou adoecida de sentido. Alerta: não confunda citação bíblica com clichê. Seria o mesmo que criticar um autor por evocar Shakespeare ou Camões e tachá-lo de preguiçoso. É o uso desrespeitoso e apressado  que se faz das Escrituras o problema. Quem ainda suporta aqueles micro-sermões entre os cânticos do "período de louvor" ? Quem acredita na necessidade, sentido e relevância de frases como "Deus quer tratar com sua vida hoje à noite. Você não sairá daqui do modo entrou (...)"? Isso para não nas letras esdrúxulas, algo constrangedor que nos vemos obrigados a cantar nos cultos por aí. Quando não é o caso de um lugar-comum, trata-se de um lugar-absurdo, como esse caso: "olhei pro céu/e vi que sempre foi azul/ Como é bom dizer/Jesus I love you". Preciso comentar?
A oração é um outro exemplo: observe o conteúdo das nossas orações. Será que conseguimos orar três minutos sem usar as muletas tais como "Amantíssimo Deus", "Mais uma vez entramos em sua presença", "entra com providência" , "vai tocando (SIC) cada coração" , "perdoa nossos pecados de omissão e comissão" e coisa do mesmo tipo e tristeza. Orações para fora - para os outros, e deveria ser para cima - para Deus.
Preguiça. Vã repetição. Reza gospel. Martin Luther King Jr me sacode de alento ao sugerir que "É melhor oração sem palavras do que palavras sem oração". Ana, orando-chorando, no templo. Ainda bem que Deus, o Senhor, o Pai nos aceita e entende em Jesus, O Verbo, o Filho e nos concede o auxílio do Espírito, que ora em nós de modo "inexprimível" (supra lingüístico).
A oração simples nos socorre: "ore como puder, não como quiser".  As orações-relâmpago de Neemias, a fórmula do cego: "Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim, pecador", a completude e a adequação do Pai-nosso. Há o que dizer, há o que calar diante do Senhor. Quem deseja uma outra gramática deveria mergulhar na amplitude-tessitura-abrangência emocional e existencial dos Salmos, nossa "escola de oração" (Peterson), "anatomia da alma" (Calvino) .
Como seria aceitar a orientação de um às das palavras, como Fernando Sabino, que dizia "escrever é cortar"? Como seria levar a linguagem litúrgica, homilética e devocional (louvor, pregação e espiritualidade)  tão a sério que as repetições de palavras  e idéias fossem usadas com toda a parcimônia e lucidez do recurso formal da poesia, nunca "tipo assim, quer dizer, coisal e tal"?
Vejam os Clássicos: a lucidez dos argumentos de Paulo, a deslumbrante inventividade de Guimarães Rosa, a erudição nunca cansativa e ensimesmada em abstrações de C. S. Lewis, a exuberância dos argumentos brilhantes de Calvino, o cativante respeito e reverência de Eugene Peterson às palavras?
Aliás, Peterson me inspirou a escrever esse texto-provocação. Lendo seu maravilhoso livro autobiográfico The pastor, a memoir (no Kindle - acabou de sair nos EUA )  cativou-me o relato de sua juventude como estudante de teologia. Como eu, Eugene Peterson cresceu num ethos pentecostal devoto e íntegro, mas no qual a fraqueza dos argumentos era compensada pelo volume da voz do pregador. Ao estagiar numa igreja presbiteriana em Nova Iorque, sua vida foi para sempre influenciada pelo ministério de George Arthur Buttrick, "um poeta no púlpit : durante um ano ouvindo-o pregar dominicalmente, eu nunca vi um só clichê passar por seus lábios". Ah, que maravilha o dia em que a ortodoxia dá as mãos à poesia! Quer dizer, tipo assim, né?
Gerson Borges é músico, educador e procura apaixonadamente ser um pastor de pessoas e de palavras.